terça-feira, 12 de junho de 2012

Dois olhos...

Calmos e pairados no nada deixam escapar a dor, o cansaço e a solidão. 
Esses lindos olhos arredondados demonstram  o quanto tudo é árduo, o quanto tudo é difícil.
Criam uma redoma para si, escondem-se nos seus mistérios. 
Ninguém consegue desvendar o preço das olheiras que os envolvem encobrindo o cintilante, a alegria, o sorriso que esse par de olhos pode dar.
Ocultam lágrimas não derramadas, sensibilidade não permitida. 
Olhos que preferem não responder a razão. 
Dois lindos olhos que não conseguem enxergar o valor que têm... 
A vida, o tempo, as obrigações os fizeram olhar apenas para o que é sólido, sem tempo para o substancial, o essencial. 
Dois olhos pairados no nada e eu, ao observá-los, senti sua dor, seu cansaço, sua solidão. 
Olhos dos quais sou, em parte, dependente e eternamente grata por carregar nos meus olhos seus genes.
Esses dois olhos continuam a me ensinar e sempre serão o motivo do que hoje eu sou.


Thalita Céli.

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