quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Cama

 


         Abro os olhos e estou numa cama. A cama de todos os dias, ela até parece bem macia e aconchegante, pra mim ela chega a ser um cômodo de acomodamento incomodante.
        Olho ao redor e vejo muitas e muitas camas, todas iguais a essa que estou. As pessoas que sobre elas deitam, dormem muito bem, até mesmo não se cansam de sonhar os sonhos que não são seus. Parecem estar acorrentadas nelas sem conseguir perceber isso,  ao menos nunca ouvi reclamações. Ao contrário, gostam de ficar ali, às cegas.
       E eu? O que faço? Sinto-me que vegeto aqui. Só a mente funciona, o corpo não consegue me obedecer. Eu grito pra que essas pessoas possam ouvir, mas elas, dominadas, não conseguem sair desse sono. Tento me levantar, mas a cama me puxa com muita força. Eu quero sair daqui, entro em desespero, quero saber o que há fora dessa cama, dessa redoma que construiram pra mim contra a minha vontade. Não consigo. Não há como fugir.
      Essa cama é programada para "satisfazer" aqueles que repousam sobre ela e oprimir aqueles que conseguem acordar. Muitos deles chegam a enlouquecer após um sono profundo achando que sua vida é resumida naquele sonho , e ao abrir os olhos, nada disso é real.
      Eu ainda estou aqui, lutando contra essa cama, é agonizante, mas vou conseguir. Torço para que muitos outros consigam, ao menos, abrir os olhos. Enxergar é algo individual. Que a insônia em mim despertada seja suficiente para me fazer levantar dessa cama e libertar-me dessa prisão.


Thalita Céli.