quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fatos de vestibulandos em comunicação social


      Em dia de prova de vestibular o desespero impera nos candidatos: têm que chegar cedo, o trânsito nada ajuda, as pessoas correm nervosas, os pais deixam seus filhos na porta do local de prova mais nervosos do que já estão, muitos levam comida pra 1 mês onde ficarão aproximadamente 4 horas, outros choram por não conseguirem mais entrar quando os portões fecham. Resumindo... Caos total.
      Em uma das vezes que prestei vestibular pra jornalismo, cheguei cedo, fui direto à sala onde faria a prova, sentei no lugar estabelecido e fiquei aguardando o horário da aplicação do exame. Neste breve momento, tudo que fiz foi observar as pessoas que iam chegando. Muitas características eram notáveis como: nervosismo, autoconfiança, insegurança, desespero, tremedeiras, cansaço e mais tantas palavras sem definições.
      Um desses momentos, passei a ouvir um diálogo entre duas pessoas nas bancas atrás da minha. Uma falava o "porque" de escolher jornalismo e o que era pra ela aquela profissão, a outra simplesmente ouvia com muita cautela e empolgação concordando com o que a outra falava.
Eis a conversa:

- Ah, jornalismo é muito bom. Escolhi este curso porque sou uma pessoa muito comunicativa e vou me dar bem com a profissão. O meu sonho sempre foi entrevistar pessoas famosas, correr atrás de um escândalo, escrever colunas sociais, horóscopo do dia e essas coisas.
- Mas jornalismo é algo muito difícil né?
- Ah, é sim, muito difícil. Por exemplo: faço uma entrevista de muitas horas com um famoso e na tv só passa pouca coisa e muito rápido, apenas 5 minutinhos daquela matéria. Agora, uma coisa muito boa é que o jornalista escreve o que ele quer sem que ninguém mexa nos seus textos.
- Verdade?
- Sim. Se for um bom profissional ninguém lhe segura.
- E o diploma? Eu tô tentando publicidade, posso atuar como jornalista?
- Claro que sim. Você está tentando um curso na área de comunicação social, você pode fazer o que quiser. Mesmo com essa história do diploma eu tô tentando jornalismo, tá mais fácil do que publicidade.
- É verdade...
O sinal tocou e os fiscais receberam as provas lacradas, tudo ia começar.

      E em pensamento disse: Meu Deus, que conceito é esse que as pessoas têm do jornalismo e onde ele chegou? Estudar anos pra acabar escrevendo horóscopo é decadente. Não menosprezando quem trabalha nisso, ou seja lá o que for... O pior é que esse tipo de conceito é muito comum à grande parte dos iniciantes no curso. É lamentável. E o diploma? Quer dizer que não vale mais nada mesmo? Sem comentários... As pessoas se equivocam em pensar que o mundo do jornalista é cor de rosa. Fui fazer minha prova pensando no que será de mim e o que serão dos futuros jornalistas com quem conviverei um dia.


Thalita Céli.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Às noites


Na madrugada,
A insônia.
Da Janela,
O Vento.
Às folhas,
O chão.
À rua:
O silêncio,
O ermo,
O insólito...
À sensação:
O aroma,
Umido,
Orvalhesco.
À vizinhança:
A subconsciência,
O oculto,
A calma.
À mim:
Os pensamentos,
Meros,
Incertos,
Reais,
Paradoxais...
Um suspiro,
Leve,
Sôfrego,
Denso.
Da aurora,
A efemeridade,
O alívio.
O momento,
Passageiro,
Se foi.



Thalita Céli.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Minha Epifania


     Hoje, na aula de literatura, o professor me perguntou se eu já tive uma epifania. Automaticamente me lembrei de um episódio único que aconteceu comigo há pouco mais de um ano. Vou contar.


     Estava ainda no ultimo ano do colegial quando no intevalo entre as aulas vejo uma linda borboleta. Minha mente foi brilhantemente iluminada por tanta beleza e fragilidade em um simples ato de polinização. Naquele exato momento, comparei a simples borboleta com as palavras. Descobri, então, que as palavras são parte de mim e que vou viver o resto da minha vida em harmonia com elas. Enfim, soube que fui atraída pela escrita.
     E você pensa: O que tem haver a borboleta com as palavras? E que loucura é essa de epifania?
     Bem, apesar de esta borboleta para muitos significar apenas um bicho pequeno e de pouco valor, para mim trouxe o mais belo exemplo de liberdade. Ao lhe observar, pude deixar-me tocar a alma, e é por mostrar ser frágil que ela se torna forte e penetrante, assim também como as palavras. As palavras deixam-se encantar na mão dos poetas, mas essa entrega só ocorre porque os poetas as amam. Assim também a borboleta ao encontrar-se com o néctar se amam com infinda reciprocidade em um processo chamado polinização. Eis que surge a poesia, os mais belos textos e grandes autores.
     Este ato de entrega fervilhou dentro de mim. E diante desta descoberta que chamo de epifania, quis ser como o néctar e deixar-me polinizar pelas palavras. O fato me deixou grandemente maravilhada que escrevi sobre o ocorrido em um post lá atrás chamado: Meras palavras e simples borboletas. 
     Cada dia que se passa anseio mais ainda em escrever. Esta é a minha entrega.


Thalita Céli.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Aquela Flor...


      Aquela flor que você me deu foi a melhor de todas as flores, mais bela do que qualquer jardim extravagante que existe nesse mundo...
      Aquela flor que a árvore não queria mais, aquela jogada fora, aquela rejeitada, ao chão, levada, pisada... Você a pegou com todo carinho do mundo e fez dela um objeto valiosíssimo, indo do concreto ao abstrato em um simples gesto de oferta.
     Aquela pobre flor. Tão simples e tão viva. Paradoxo que jamais vou compreender.
     Linda flor, que romantismo nenhum, poesia nenhuma declama seu efeito sobre ela. As palavras de grande esplendor jamais poderão traduzir o seu significado...
     Era aquela flor, tudo mudara...
     De fato, não voltamos para casa com sentimentos vagos.

Thalita Céli.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Cama

 


         Abro os olhos e estou numa cama. A cama de todos os dias, ela até parece bem macia e aconchegante, pra mim ela chega a ser um cômodo de acomodamento incomodante.
        Olho ao redor e vejo muitas e muitas camas, todas iguais a essa que estou. As pessoas que sobre elas deitam, dormem muito bem, até mesmo não se cansam de sonhar os sonhos que não são seus. Parecem estar acorrentadas nelas sem conseguir perceber isso,  ao menos nunca ouvi reclamações. Ao contrário, gostam de ficar ali, às cegas.
       E eu? O que faço? Sinto-me que vegeto aqui. Só a mente funciona, o corpo não consegue me obedecer. Eu grito pra que essas pessoas possam ouvir, mas elas, dominadas, não conseguem sair desse sono. Tento me levantar, mas a cama me puxa com muita força. Eu quero sair daqui, entro em desespero, quero saber o que há fora dessa cama, dessa redoma que construiram pra mim contra a minha vontade. Não consigo. Não há como fugir.
      Essa cama é programada para "satisfazer" aqueles que repousam sobre ela e oprimir aqueles que conseguem acordar. Muitos deles chegam a enlouquecer após um sono profundo achando que sua vida é resumida naquele sonho , e ao abrir os olhos, nada disso é real.
      Eu ainda estou aqui, lutando contra essa cama, é agonizante, mas vou conseguir. Torço para que muitos outros consigam, ao menos, abrir os olhos. Enxergar é algo individual. Que a insônia em mim despertada seja suficiente para me fazer levantar dessa cama e libertar-me dessa prisão.


Thalita Céli.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sonhos Humanos


      Daqui a pouco amanhece mais um dia... E aqui estou, domada por uma insônia instintiva de  hábitos noturnos. Isso é prejudicial pois às vezes esqueço-me que sou um ser humano desses chamados de "civilizados",  e que meu nicho exige estar de pé antes das 6 da manhã: correndo sofregamente, cambaleando, tropeçando, buscando planos que em mim própria incuti, lutando por meus sonhos...
      É, é disso mesmo que estou tentando falar, dos chamados sonhos! São eles que nos fazem viver constantemente nesse estado acelerado, e é nessa correria que se sente aquela velha força de atrito contrária ao movimento de tudo aquilo que, em nosso ser, arraigamos como  motivo único: a conquista. Ah os sonhos... Palavra tão bonita né? Que, ao pronunciar, é sentido automaticamente a sua leveza e suavidade. Todos têm, ao menos é um dever tê-los. Alguém já me disse uma vez que quem não sonha já está morto, o sonho é o combustível que nos move, nos faz respirar quando tudo quase padece.
      Mas não é bem esta a tradução da simples palavra. Não falo de sonhos como uma utopia, falo no seu poder de domínio sobre os Homos, na sua capacidade de prendê-los e de muitas vezes fazer com que eles cometam todo tipo de aberrações imagináveis e inimagináveis para poder conquistá-los. Bem, gostaria de tirar esse clichê de que sonhar é flutuar nas nuvens, é aquela coisa bonitinha e tudo mais. Não mesmo, principalmente neste habitat de seleção natural.
      Muitas vezes esses sonhos foram a causa de grandes guerras e destruições. O desejo fanático de querer realizá-lo é demasiadamente imensurável que a Sapiência deixa de existir, passando o homem de ser racional ao ser mais irracional que existe nesse planeta. Porque até mesmo do menor dos animais ao  mais feroz não se consegue achar um ser tão estúpido e instintivo como um ser humano.
      Pois bem, são sonhos de todos os tipos que nos invadem, podem ser do mais simples ao mais complexo, do mais bom intencionado ao mais peverso e destrutivo. Todos são sonhos, em todos existem e todos correm louca e desesperadamente atrás deles. E sem esquecer de que... Eles nunca morrem.



Thalita Céli.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ahh... Escrever!!




       Como já disse uma das minhas escritoras favoritas de nossos dias, Lya Luft: "As palavras são meu jeito mais secreto de calar". E eis aqui novamente um de meus textos onde gostaria de expressar-me com o vocabulário mais completo, com uma perfeição imensa a ponto de envolver mentes fazendo-as pensar, transgredindo qualquer paradigma outorgado e sendo diferente dos demais escritos subjetivos ou até mesmo críticos que já fiz. Busco A Última Crônica (...)
       Amo a escrita desde o momento que conheci as primeiras letras. Amo-a ao ponto de doar-me inteiramente, submeter-me nas suas complexidades, subordinar-me em sua independência, e de alegrar-me em vê-la como grande parte de mim.
       Posso estar em momentos antitéticos ou paradoxais de minha vida, posso até mesmo não sentir nada do que escrevo como já foi preciosamente registrado pelo Poeta Fingidor. Não importa, escreverei sempre. Mesmo que não haja coerência, mesmo que não seja a perfeição que esperava de um texto, mesmo que seu vocabulário seja chulo, mesmo que todos o desprezem, até mesmo se não houver reciprocidade entre mim e as palavras, ousarei.
       Ousarei, por mais que tentem pôr uma mordaça em minha boca, que me censurem, que me culpem e restrinjam, pois as palavras serão sempre pra mim meu jeito mais secreto de calar.




Thalita Céli.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fugere Urbem



      Se eu te disser que hoje acordei sentindo-me insignificante, que não quis me levantar, nem viver mais um dia obcecada em lutar por aquilo que sonho, nem ao menos ver e ouvir injustiças, palavras duras, cobranças e insatisfações. Pensarás logo que ou estou deixando a tristeza me dominar ou é apenas mais uma de minhas futilidades.
      Errastes, pois não estou triste, melancólica ou fútil. Apenas estou existindo e acordando sendo eu mesma, fugindo de ser o que não sou. É natural sentir-se assim, de vez em quando, nos dias em que vivemos. Não vou manter um status falso só para mostrar o que não sou. Acredito que o caráter verdadeiro vale mais do que esses ridículos modos impostos.
      Tirarás mais uma conclusão, a de que sou totalmente vaga, subjetiva e que ainda tenho muito a caminhar para ser o que julgas ideal.
      Não te nego desta vez. Sou o que conclues,  porém, o que farei eu? Não fugirei do que sou, fugirei daquilo que querem que eu seja.


Carpe Diem!


Thalita Céli.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ninguém




Fome, desespero, angústia...
E quem liga?
Ninguém sente, somente Ninguém sente!
Dor, amargor, tortura...
E quem quer saber?
Ninguém conhece e às vezes finge não conhecer!
Choro, lágrima, gemido...
E quem fala?
Ninguém grita. Não adianta. Ninguém Grita!
Pobreza, lástima, depressão...
E quem faz algo?
Ninguém tenta, Ninguém luta, Ninguém nada consegue!
Miséria, desgraça, putrefação...
E daí?
Ninguém morre, a verdade é que Ninguém morre!


Thalita Céli.

sábado, 19 de março de 2011

♥ Matematicamente Atemporal ♥



        Amo você de uma forma intensa e atemporal, além da cronologia humana vivida.
       A cada ano que passa essa chama, que outrora derreteu sentimentos congelados, cresce em uma progressão onde meus termos são infinitos, pois minha razão será sempre você.
      A cada mês que se inicia, o saldo deste sentimento na conta do meu coração, aumenta em função de "X"; tal que {X = você}.
      A cada semana que começa, meu amor é > o da semana que se passou e < os das semanas que ainda virão; portanto nada é igual, porém todo o conjunto de semanas vividas pertencem totalmente a Deus, pois Ele é a explicação do meu amor união ao seu amor.
      A cada dia que se passa, nada é subtraído para que não haja perdas e nem dividido para que não haja restos; porque observando em um outro ângulo, as adversidades que passamos não nos gera perdas e restos, ao passo que soma nossas vidas e multiplica nosso amor.
      A cada minuto que suspiro esse amor, é como uma reta crescente e infinita de um gráfico de meu amor por minutos, sem saber o ponto de sua origem e nem até onde ela percorre neste pequeno intervalo de tempo.
      A cada segundo que se vai como um piscar de olhos, é impossível saber a dimensão, a forma, o tamanho, o comprimento, a largura e a altura desse amor, mas é em uma fração de segundos que minha consciência permite compreender a potenciação de você elevado a um grande sentimento.
      Resumindo: tudo o que sinto por você vai além da matemática, do tempo e das palavras; porque o amor não se pode medir, nem cronometrar e nem se explicar. O amor se aceita, deixa-se amar por completo e se vive de corpo e alma.


Dedicado a: Rodrigo Ferreira.
Thalita Céli.

terça-feira, 1 de março de 2011

Como falar de coisas belas?






          A resposta que me vem a mente consiste em uma espetacular aurora. - E mais vez venho com comparações surrealistas e insanas. - Pois bem... Pergunto-me porque esta imagem surge em meu interior quando sinto-me feliz ao ponto de querer sair sem rumo, transbordando de uma alegria que pulsa implodindo-me aceleradamente...
         Ao ver o primeiro raio de sol transcender em minha janela, tenho a certeza de que estou viva como se necessitasse deste feixe de luz para realizar a síntese que revitaliza minhas forças, assim como um ser autótrofo. E a brisa da manhã, ainda fresca, ao tocar minha face é maravilhosamente inalada que chego a alimentar-me de uma grande essência natural jamais encontrada em nenhum outro lugar.
         Uma simples aurora que surge diariamente, quase nunca notada, é para mim um exemplo de uma esplêndida beleza domadora de minha insensibilidade cotidiana causada por uma vida corriqueira, que por consequência, desvaloriza o que há de mais belo e humilde, sendo assim o nascer de mais um dia, ao mesmo tempo denso e leve fôlego da felicidade.


Thalita Céli.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Resumindo-se ao nada





       A tristeza que corrói o peito não é apenas pela dor que se sente, mas sim por não saber o que fazer e nem conseguir achar uma solução. Nesse momento, os joelhos se dobram, as lágrimas constantemente caem e em um leve suspiro se consegue medir o peso intenso desta corrosão.


       O silêncio é desesperador e a aflição doma a esperança, restando somente o nada.
Nesse nada:
Nada se é,
Nada se tem,
Tudo resume-se ao nada,
O nada é tudo,
O nada é um vácuo interno.


       Mas é no nada que o silêncio molda a mente, é nesse ultimo estágio que usa-se todas as forças e após a noite agonizante, vem o dia (como soneto de calmaria) e a luz da manhã trazendo a paz que outrora consistia no silêncio nostálgico.




Thalita Céli.