segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vaga Rotina






     Acordo pela manhã quando tudo se inicia novamente. Da janela observo essa aurora tão bela que, quase esquecida, não mais é inspiração para aqueles que suspiram com um simples verso.
     Tudo o que vejo é a correria rotineira, e nada de novo, tudo muito normal e monótono. Vou à rua e pessoas caminham entretidas em seu próprio mundo, que se resume em coisas supérfluas; muitas outras falam entre si sobre seus problemas, achando que eles são piores do que os de outrem. Ao longo do meu percurso, vejo até pessoas que depositam suas felicidades na companhia e na domesticação de seus cachorros...
     Pego um transporte coletivo (melhor meio para observar todos os tipos de comportamentos) e observo aquela que fala sem parar de sua luxuosa casa, aquele que olha para qualquer mulher que adentra ao ônibus, aquela que reclama, sem parar, de tudo e de todos, aquele que dorme e não está interessado em nada e nem em ninguém, aquela que ri de todas as palavras que um outro fala... Enfim, todos indo às suas respectivas ocupações de todos os dias, presos ao nada e fazendo desse nada seu tudo.
     Sinto-me à margem dessa sociedade que decai a cada instante, não que eu seja melhor do que eles, ao contrário, se isso é ser racional, sinto-me um ser irracionalmente estúpido por não conseguir digerir todos esses modos de vida sem algum objetivo lógico para a sua auto-construção humana.


Thalita Céli.